Olá, meu nome é Letícia Miyamoto. Está no ar mais um Amato Cast pelo canal do Instituto Amato. E agradeço mais uma vez o carinho da sua audiência e participação aqui conosco para falar sobre tudo o que envolve qualidade de vida. Nos últimos episódios, nós recebemos convidados especiais. Falamos sobre dermatologia, além da estética. E antes, sobre menopausa precoce. Hoje, nós recebemos também um convidado especial, que é o Dr. Daniel Benite. A gente está tentando há muito tempo marcar aqui um horário com ele para que a gente traga um pouquinho sobre a especialidade do doutor. Vocês já se adiantaram aí no título sobre o que a gente vai conversar, mas antes de dar as boas-vindas aqui para o nosso médico de hoje, eu vou apresentar um pouquinho mais sobre ele. O Dr. Daniel Benite é médico formado pela USP, com residência em cirurgia vascular e endovascular no Hospital das Clínicas. É referência nacional e internacional no tratamento do lipedema, sendo fundador da Associação Brasileira de Lipedema e professor do primeiro curso brasileiro sobre o tema voltado exclusivamente a médicos. Foi o primeiro brasileiro aprovado no fellowship internacional de cirurgia vascular e endovascular no Albany Medical Center em Nova Iorque e já foi reconhecido como Personalidade do Ano em Saúde em Cambridge, na Inglaterra. Com mais de 2 mil cirurgias realizadas e 10 mil pacientes atendidos, atua em São Paulo e Campinas com foco em varizes, doenças venosas, lipedema e procedimentos minimamente invasivos. É também autor de diversos artigos científicos e capítulos de livros, além de membro de sociedades médicas brasileiras e também internacionais. Bem-vindo, doutor. Obrigado, Letícia. É um prazer estar aqui. E vamos lá, depois de quase um ano a gente vai finalmente conseguir fazer aqui o Amatocast. Exatamente, que é o que a gente estava conversando agora nos bastidores. Tem tanto assunto, tanto tema que a gente poderia abordar relacionado à cirurgia vascular. A gente deixou como título, para ser de uma forma mais geral, essa questão das dores nas pernas, que muitas pessoas têm dúvidas sobre isso. A gente até tinha citado a doença arterial periférica, que eu mesmo, esse nome, nunca tinha escutado falar. Então, acho que é legal a gente poder diferenciar o que de fato é um alerta. Quando a especialidade escuta cirurgia vascular, todo mundo acha que é uma especialidade que só está ali no centro cirúrgico. Só que envolve muita proximidade clínica também com esse paciente, doutor. Exatamente, eu gosto muito da cirurgia vascular, porque é uma especialidade que literalmente a gente trata a pessoa da cabeça aos pés. A gente tem a opção de fazer o tratamento clínico, porque normalmente o paciente vascular, principalmente o arterial, ele é um paciente crônico, ele é um paciente grave, tanto que ele tem uma classificação separada quando vai fazer alguma cirurgia. E também tem os procedimentos mais simples. São pacientes, por exemplo, com varizes, que é uma doença extremamente prevalente, mas com tratamento que não coloca a vida da pessoa em risco, ao contrário, por exemplo, de cirurgia de aneurisma, que é uma cirurgia mais técnica, mais cuidadosa e com um porte muito maior. Sim, os pacientes costumam ter medo da sua especialidade? Assim, medo do que vai ouvir, ou do diagnóstico? Na verdade, não, porque o cirurgião vascular é muito procurado, tanto que é uma área muito boa para quem quer ter um pouco de qualidade de vida, fazer procedimento cirúrgico e também ter a qualidade clínica, de você poder fazer o manejo clínico do paciente. Então, é muito bom. E, normalmente, a pessoa não vai preocupada por vascular, a não ser quando é doença arterial. Normalmente, por exemplo, o paciente tem aneurisma, ele vem encaminhado, a maioria das vezes, ou para o cardiologista, ou para o urologista, ele não sente nada. Então, às vezes, ele está assustado, porque você fala, vai ter que operar, não vai ter que operar, e agora? Porque é difícil você tratar alguém que não tem sintoma. Porque a pessoa fala, não tenho nada, não sinto nada. Mas você fala, mas o que você tem é grave. Então, às vezes, tem essa dificuldade, mas a gente explicando é sempre mais fácil. De você, do paciente, conseguir visualizar, né? Porque é isso, às vezes, o sintoma acende o alerta, mas quando não tem, acaba adiando aquilo, né? E o que você falou, visualizar, é muito interessante, porque tudo que o nosso olho não vê, o cérebro interpreta que não existe. E a pior coisa do mundo é você tratar uma coisa que a pessoa não enxerga, porque ela entende que não existe. Por exemplo, ao contrário do lipedema, que a paciente olha a perna, ela tem um incômodo, ela tem um desconforto, e para ela, tudo aquilo faz sentido. Só que é uma pessoa, por exemplo, com a gordura no fígado, que está mil vezes pior, ela não enxerga essa gordura, e muitas vezes, ela acha que está bem. Quem tem gordura no fígado, não está nem um pouco bem. Porque o fígado é um órgão, e ele está sendo substituído por gordura, porque o corpo da pessoa entende que está precisando mais de gordura do que de fígado. Só que como a pessoa não enxerga, muitas vezes, ela fala, só tem uma gordurinha no fígado. Só que, metabolicamente, ela está muito mal. É, e essa necessidade mesmo, que as pessoas, às vezes, acabam trazendo mais a importância do que algo estético, como você situou do lipedema. Às vezes, tem um incômodo, a pessoa sabe que tem um risco, que tem toda uma questão realmente da saúde envolvida naquilo, mas o estético acaba fazendo com que a pessoa apresse, ou pelo menos se importe mais, não sei se é essa palavra ali completamente... Às vezes, vira o foco, porque é uma coisa que incomoda muito, e é visível. Então, isso, às vezes, atrapalha, porque a pessoa não enxerga o motivo de tudo isso estar acontecendo. Sim, e doutor, agora uma curiosidade, né? Antes da gente começar, de fato, aqui no assunto, como que foi a escolha da medicina, sempre que você é médico? Você já era aquela criança que estava decidida a entrar para a medicina? E essa especialidade, como que surgiu também na sua vida? Com quatro anos de idade, foi a primeira vez que eu falei pra minha mãe que eu queria ser médico, ela levou um susto, né? Porque ela achou que não seria uma coisa possível na época. Sempre que eu quis ser médico, na minha infância, eu passava na USP, principalmente na Praça do Relógio, então eu falava que eu queria fazer medicina na USP. Já sabia até a faculdade. Quando eu prestei vestibular, eu só prestei medicina na USP, pra minha família foi uma loucura. Eu falei, não, é o que eu quero, é o que eu vou fazer. E prestei, consegui, estudei muito, me esforcei pra isso. Passei no vestibular, agora é estranho, mas é no século passado, né? Em 1999, agora são 26 anos de medicina já, mas eu sempre me vi a minha vida inteira como médico, e me esforcei pra isso. Quando eu entrei na faculdade, como muita gente na época, a neurocirurgia era muito fascinante, e aí eu comecei a fazer laboratórios de neurocirurgia, mas não me identifiquei com isso, mas sempre me aproximei de pessoas topes nas áreas. Então, logo no início da faculdade, eu me aproximei da Angelita Gama e do Joaquim Gama, que são referências mundiais, ela foi eleita a mulher do mundo pela L'Oreal, ela é um fenômeno, nunca vi alguém operar com ela, e me espelho muito nela, até hoje. Então, eu sabia que eu queria ser cirurgião. Na época, pensei em fazer cirurgia do aparelho digestivo, mas não era uma coisa que eu me identificava, e aí foi curioso, a primeira vez que eu fiz uma cirurgia de varizes, eu falei, é isso que eu quero. Nunca me imaginei sendo cirurgião vascular, e na hora que eu fiz uma cirurgia de varizes, eu amei. E aí, quando eu tava na residência de cirurgia vascular, foi quando, mundialmente, começou a cirurgia endovascular, que é uma cirurgia minimamente invasiva, e a gente tinha antirurgias de grande porte, que muitas vezes o paciente não aguentava a cirurgia, porque ele era um paciente que já tava numa condição clínica pior. E aí, quando começou a cirurgia endovascular, a gente fazia, às vezes, um furinho na virilha, ou um pequeno cortinho, por exemplo, tratava neurisma. Mas, a geração mais antiga nunca conseguiu fazer isso de você operar sem olhar, porque é o que a gente faz, só que a minha geração foi a primeira do videogame. Então, quando começou a cirurgia endovascular, pra mim era muito fácil, porque eu fazia, por exemplo, uma pulsão sem olhar, olhava a tela pra lá, fazia cirurgia com o paciente aqui, olhando a tela aqui, sem olhar a mão. E foi quando deu a grande guinada na minha carreira, isso daí foi em 2008, 2009, porque eu virei próptor mundial de cirurgia endovascular, porque na época ficou um gap muito grande, porque tinha pouca gente que fazia isso na época. Quando virei pai, eu não conseguia mais ficar fora do país, eu viajava muito no mundo, porque eu sentia muito falta da minha filha. Aí, eu ia pra fora e chorava. E aí, eu comecei a fazer mais, imagina, eu sofria muito. Eu falei, gente, eu não acredito, eu não vou ficar sem ver minha filha. Larguei tudo, e todo mundo achou que eu estava em depressão, eu falei, não, gente, eu quero ficar com a minha filha. Falei, não, mas você vai largar isso? Vou. Por quê? Porque era pra mim, minha prioridade, a minha família. E quando eu comecei a fazer mais o consultório, que no consultório do vascular, 90% das pessoas que chegam que não são encaminhadas vão por dor na perna, e aí eu comecei a ver os padrões do lipedema. Eu já sabia o que era lipedema em 2005, mas eu imaginava tudo o que era. E quando eu comecei a fazer mais consultório, foi quando eu comecei a pegar os padrões, e aí que a gente começou essa evolução, que hoje o Brasil é referência mundial, e é o berço do tratamento clínico do lipedema. É uma coisa que eu abracei e virou o meu Ikegai, que é o motivo de vida mesmo. É, não tem como realmente... Eu estava fazendo a pesquisa aqui, tentei resumir seu currículo, aparece um nome muito ligado ao lipedema, né? Já tem essa presença realmente muito... Já são agora quase 15 anos tratando, me dedicando mesmo. Embora em 2005 eu já sabia, a minha primeira leitura de lipedema era metade de uma página de um capítulo de livro de cirurgia vascular, que era sobre o inchaço na perna. Nossa! Então não tinha nenhum interesse na área médica mesmo, nenhum, sobre lipedema. E a gente que é o Alexandre, que a gente começou lá atrás, trocando figurinha mesmo, ó, eu vi isso, eu percebi aquilo, eu usei isso. Trocando receita de bolo e figurinha, foi aí que começou, e a gente achou o padrão, começou a entender o tratamento, e mudou muito a forma que o lipedema é visto hoje, tanto no Brasil quanto fora. Sim, e doutor, como que é a sua rotina hoje? Hoje é mais clínica, então, do que cirurgião? Dá pra... Eu faço as duas coisas, por exemplo, hoje eu estava operando de manhã, cirurgião ama operar, o que a gente tem que tomar cuidado como cirurgião é o freio, porque se a gente operar, todo mundo que quer ser operado, a gente vai estar operando mais gente do que precisa. Só que é difícil você achar esse ponto de equilíbrio, porque nem todo mundo precisa ser operado. E eu gosto muito de operar, mas eu falo, por exemplo, hoje na cirurgia do lipedema, a gente fez no Consenso Brasileiro de Lipedema, que a pessoa precisa fazer o tratamento clínico por um ano pra poder fazer a cirurgia. Por que isso? Se a pessoa ganhou peso, é por algum motivo. Não foi porque a gordura teve uma mutação genética e proliferou. A pessoa precisa ir a mudar pra o corpo não entender novamente que ele precisa ganhar gordura. E isso muda o hábito, e demora, em média, cinco meses pra uma pessoa mudar um hábito, pra ela criar uma rotina. Só que se a pessoa faz isso por um ano, a chance dela voltar aos hábitos antigos cai muito. Então por isso que a gente faz isso, e por isso que a gente freia muito a paciente com lipedema que quer fazer uma cirurgia. Por exemplo, varízes. Eu sempre tratei primeiro, deixei a pessoa melhor, pra depois poder fazer a cirurgia. E às vezes o paciente quer operar, ele quer resolver na hora. E você fala, não, vamos deixar você numa situação melhor pra fazer uma cirurgia numa pessoa que tá clinicamente melhor, mais saudável, porque a resposta cirúrgica é melhor. Mas hoje eu faço os dois mundos. Legal. E, por exemplo, a parte acadêmica, também tem seu interesse? Você fica mais ligado a isso? Eu dou aula desde os 10 anos de idade. Eu sempre gostei de dar aula. Eu sempre fui chamado pelos professores pra dar aula. Eu ajudava a dar reforço pros alunos que tinham alguma dificuldade, em qualquer tema. Sempre gostei de ensinar. Eu acho que quando você ensina alguém, você tá multiplicando, dividindo conhecimento e não tem nada que pague isso. Tanto que a gente começou o lipercurso, o primeiro foi na pandemia. Todo mundo tava aqui de máscara. A gente fez o curso, começou online, mas a parte prática a gente fez de máscara. Tava almoçando com o Alexandre hoje. Há 15 anos a gente sentou junto e fez um curso de visualização de tomografia pra planejamento de cirurgia endovascular. Chamava Osiris, ainda chama o programa, de visualização de imagem médica. A gente chegou aí pra Suíça pra ajudar no desenvolvimento do software. E quando a gente voltou, a gente falou, a gente precisa ensinar todo mundo. Porque é muito legal quando você tem isso de você ajudar o desenvolvimento de uma pessoa pra poder dar um tratamento melhor. Porque eu fui formado por uma escola que ensinava pouco, não passava o segredo. E eu acho que a melhor coisa que tem é você ensinar o outro, porque se esse outro fizer uma coisa diferente de você, você também vai progredir. Porque às vezes uma coisinha que a pessoa faz de diferente, os dois estão fazendo melhor. Então a gente sempre teve essa coisa de ensinar o próximo. Ah, legal. É uma rotina cheia, inclusive, hein? É uma rotina cheia. Por exemplo, hoje o meu Instagram virou um projeto social, porque eu ajudo pessoas que nunca conseguiram passar comigo numa consulta. Mas eu ajudo o quê? Eu dou dicas. Não, eu dou dicas. Faça isso, faça aquilo pra quê? Pra ter uma qualidade de vida melhor. Porque hoje as pessoas não querem mais ficar doentes. A pessoa quer saber como ela deve proceder pra poder ficar saudável. A medicina do futuro não está na tratamento de doenças, e sim na prevenção de doenças. Isso é muito legal da internet, eu até estava falando no episódio anterior, porque a internet, as redes sociais dão essa possibilidade da pessoa que às vezes mora em um lugar distante ou que realmente não tem uma condição financeira de ter acesso a um tratamento, de pelo menos ter conhecimento, de saber a melhor forma de prevenir. Eu acho que todos os médicos que vêm aqui falam a mesma coisa. É importante falar sobre diagnóstico, tratamento e tudo mais, mas se a gente falar mais sobre prevenção, é o melhor caminho. Então, justamente, agora entrando mais um pouquinho aqui antes, só queria agradecer, pra quem já é aqui, já acompanha bastante tempo a Amatocast e sabe, pra quem tá chegando agora, eu gostaria de fazer um agradecimento aqui pro nosso patrocinador do Amatocast, que é do Laboratório Origem, especializado em saúde intestinal, que é onde tudo começa. O foco da Origem é qualidade de vida e prevenção. Obrigada, pessoal da Origem. Doutor, então já indo aqui, de fato, pro assunto, acho que as pessoas, quem se sentiu atraído por esse tema, tem aquela dúvida que não quer calar, que o Brasil quer saber, né? Qual o principal alerta nas pernas à dor, de fato? Quando ela é um problema ou quando é uma dor considerada normal, cansaço do dia a dia, enfim, quando que, de fato, aquilo vira algo assim, investigar? Eu falo que dor nunca é normal, tá? Uma ameba sente dor. Então é uma coisa muito primitiva e é um alerta do corpo pra sua sobrevivência. Então, se acontecer o dor, é bom você tentar saber a causa em qualquer lugar do corpo e não querer, por exemplo, tomar um remédio pra dor, porque você fala que vai melhorar a dor, mas você não vai tratar a causa. Então, toda pessoa, mulher, homem, com dor na perna, o ideal é ir atrás e descobrir por que que tá com essa dor. E, às vezes, as pessoas têm muito essa... pelo menos as pessoas mais próximas, assim, que não tem ninguém ligado à medicina ali, na família, né? Costuma pensar duas coisas, né? O cansaço do final do dia ou o varízes, né? Que acaba sendo o mais comum ali, doutor, no consultório também. E hoje a gente tá tendo um problema mundial, muito grande, que é o tempo que as pessoas ficam sentadas. Tá? Hoje uma pessoa que fica oito horas sentada, direto, ela tá quase sofrendo o mesmo risco de trombose que alguém que fuma. Nossa! Aumenta muito o risco de todas as causas de morte. E as pessoas não falam disso. E uma coisa que tá muito comum hoje, gente fazendo home office, escritório, a pessoa senta, não sai da cadeira e fica oito, dez horas sentada. Isso aumenta o risco de obesidade, aumenta o risco de praticamente todas as causas de morte. Então isso é um fator hoje muito preocupante. Tá aí uma coisa simples, que a pessoa levantar e fazer dez agachamentos por hora, muda totalmente a vida dela. É melhor pra ela do que andar meia hora por dia. Nossa! E é uma coisa simples que a pessoa pode fazer. E o fato dela ficar sentada, a própria gravidade tá jogando sangue pra baixo o dia inteiro. E a musculatura não contraindo, o sangue tende a se acumular na perna. A veia não foi feita pra aguentar tanto sangue, ela não bombeia o sangue. Então se não tem a força muscular pra jogar o sangue pra cima, é quando começa a ter a dilatação que dá as varizes. Sim, isso é importante. Então é possível uma pessoa, um paciente ter trombose sem ter feito nada ali, uma cirurgia, enfim aqueles fatores que a gente já até tem um episódio só sobre isso. Mas é possível a pessoa ter trombose só pelo fato de ficar ali sempre na mesma posição? É um fator de risco bem grande ficar sentado. Nossa! E hoje tá muito comum, né? Trombose, voltando no assunto hoje mata mais que câncer de mama próstata, pulmão, HIV e atropelamento juntos. E não tem nenhuma campanha sobre o assunto. E é a principal causa de morte dentro de paciente hospitalizado. E ninguém fala nada. Sim, é realmente. Até um tema que às vezes eu comecei a ter mais conhecimento assim, sou sincera, do termo, do que isso significa por conta do homatocaste, por conta dos médicos que vêm aqui. Eu sempre faço uma pesquisa do tema antes, mas eu não tinha assim, antes, muita noção do que era ou não. E mesmo trabalhando como jornalista, eu realmente não era um tema que eu via muito. E doutor, esse, o principal a gente tá falando da prevenção, né? Movimentar, não ficar sempre ali na mesma posição, principalmente pra quem tem esse trabalho home office, mas quando o sinal de alerta seria o principal, então é a dor. É a dor. Dor no seu corpo nunca vai ser normal. Nunca ignore uma dor. Porque, ah, não, não é nada, não é nada. Lembra que isso vai se arrastando. Começou a ter dor, ter desconforto, alguma coisa errada tá acontecendo. Ah, pode ser que tava numa festa e o salto tava alto. Sim, mas isso é a típica coisa que não pode se repetir. Porque se teve o desconforto, teve dor, a gente não ignora a dor em nenhum lugar no corpo, na perna ainda mais. Sim. É, e na perna faz parte ali, né? As pessoas acham que acaba fazendo parte do dia a dia. A gente já tá aceitando como uma coisa normal e não é pra ser, né? É, e tirando a trombose, então, o que que costuma ser das causas mais leves, algo que não tem uma consequência assim tão grave, desde as mais difíceis, mais pra não falar, né? Pra não assustar ninguém. Mas então, o que que pode ser? O mais comum hoje no ambiente feminino é a varízes, tá? A prevalência de varízes na população feminina é muito alta, é acima de 30%. Na masculina também, mas normalmente o homem, por ter mais músculo, ele vai ter uma bomba muscular mais eficiente. Então, isso daí também diminui o risco de ter varízes, tá? Hoje a gente tem uma taxa alta de sedentarismo. Então, isso daí ajuda a ter pouca força muscular. Então, a perna não consegue bombear bem o sangue. A pessoa não chega a ter varízes, mas ela tem uma insuficiência muscular. Então, isso daí acumula sangue na perna, que mais que a gente tem. E aí, a gente pode pensar nas coisas mais graves. Por exemplo, tem o lipedema, que é uma dor no tecido adiposo, gordura não é pra doer. Então, se a gordura tá doendo é porque tem algo diferente. E tem a causa mais silenciosa que é a aterosclerose, que é o quê? Começa assim como fecha no coração as coronárias, também tem esse estreitamento das artérias, que é o que leva sangue pra perna e isso é algo extremamente grave e muito pouco valorizado. Então, se a pessoa começa, por exemplo, a andar e sente que não consegue, começa a travar a perna, por exemplo, a andar 50 metros e não consegue porque a perna trava, a gente chama isso de claudicação, é bom ela procurar um cardiologista, um cirurgião vascular, pra ser bem avaliada, porque ela está com a aterosclerose, provavelmente, e ela precisa de um bom acompanhamento médico. E dentre essas que você citou, as mais leves, por exemplo, elas são visíveis, né? O lipedema já é mais fácil de identificar, está cada vez mais conhecido também, né? O pessoal na internet está falando mais, nas redes sociais e as varizes também. Agora, essas que são consideradas mais graves, é um pouco mais difícil de ter um diagnóstico. Infelizmente, a maioria dos médicos também não consegue fazer o diagnóstico de uma doença arterial obstrutiva periférica, porque eles têm uma dificuldade muito grande de palpar a circulação, tá? Parece ser uma coisa simples, mas tem gente que não tem esse costume, ou palpa o pé de 100% dos pacientes, porque se a pessoa, por exemplo, não tem a circulação no pé, tem 90% de chance dela ter obstrução coronariana. E a principal causa de morte no mundo é doença cardiovascular, que é infarto ou derrame. Então, quando você vê essa alteração, você tem que colocar já a pessoa como alto risco. Então, ela precisa o quê? Ter uma agressividade maior no tratamento clínico para tirar ela do alto risco. E qual a mudança que pode ter no pé ali, que a pessoa pode tentar em casa? Uma pessoa em casa pode sentir o pé muito frio, mas é difícil para uma pessoa leiga palpar o pulso no pé. Aí eu não recomendo, porque isso vai gerar um estresse muito grande, e não significa que o pé está frio, principalmente em mulher que tem obstrução periférica, tá? Em mulher, é comum em 6% das mulheres elas terem uma coisa que se chama fenômeno de Renault, que elas têm mão e pés mais frios, e isso é normal. Tá, então é uma avaliação mais para o médico. É melhor o médico avaliar. Mas é bom a pessoa entender que se ela estava andando antes até a padaria, agora não consegue mais, que a perna trava, que tem alguma coisa errada, ela precisa de uma boa avaliação. Não é cirurgia, é uma boa avaliação. Tá, e o que eu ia te perguntar também é quando a gente fala muito sobre, a gente está falando desde o início do episódio sobre dor, o que de fato é considerado uma dor? Porque, por exemplo, às vezes tem, a pessoa está caminhando ali, está correndo, sente uma pontada, que sempre acontece na panturrilha, ou aquela dor que sente no tornozelo, que sente o pé difícil ali de fazer o movimento. Qual que é a dor que a gente está falando, da dor que realmente precisa de um alerta maior? É, eu acho que qualquer dor na perna é bom ter um alerta maior. Quanto mais longe do coração, por exemplo, maior o risco de ter trombose. E, na dúvida, eu sempre sou a favor de uma avaliação com o exame, fazer um ultrassom, porque é muito difícil independente da experiência do médico, ele falar se é trombose ou não. É 50% de acerto, ou seja, acerta tanto quanto uma moeda. Então, é melhor fazer um exame mais específico. Nunca subestime uma dor na perna. Ah, foi uma fisgada. Vai atrás de uma avaliação, porque o seguro morreu de velho. Precisa ser algo frequente? Ou algo assim, uma pontada? Não, uma pontada na perna eu iria atrás de uma avaliação, porque, às vezes, pode ser uma rotura muscular, pode ter um cisto, que tem atrás dos joelhos, que a gente chama cisto de Baker. Ele pode ter tido uma rotura e isso dá muita dor. Eu falo para nunca ignorar uma dor na perna. Ah, eu exagerei no treino. Pode ser, que aí você não precisa da avaliação médica, mas você vai saber. Mas durou mais de um dia, eu acho que vale a pena sim passar por uma avaliação. Não subestimar o que está acontecendo. Isso é importante. E como funciona o diagnóstico? Além do clínico, que a gente está falando ali do consultório dessas... Você disse que a confirmação, até para o médico, às vezes é difícil, em uma possível trombose. Como funciona? É um exame de imagem? O melhor exame é o ultrassom, o Doppler. A gente pode fazer o venoso pensando numa trombose, numa varízes, por exemplo, e ter o Doppler arterial. Principalmente para quem tem dificuldade, papapus, às vezes é uma boa pedida, porque você consegue avaliar com o exame, você vai ver a artéria e você vê se o fluxo está correto. Fez o fluxo correto, está tudo ok. Não precisa se preocupar. E o que é importante, é comum ter um pouco de obstrução em todas as pessoas a partir do momento que está gerando a vida. Tem já formação de placa de colesterol intraútero. Então, às vezes, ela tem um pouquinho de placa. Não é para a pessoa se desesperar. Faz parte do nosso processo de envelhecimento. Mas o que não pode ter é uma obstrução que atrapalha o fluxo sanguíneo. Sim. E tem um termo que eu escutei, um outro médico, eu não vou lembrar quem foi, mas que falou aqui, que se não me engano, era operador dependente. Esse exame entra nessa, só para a gente explicar também o que significa isso, depende da interpretação. Quando faz ultrassom, o médico que está solicitando dificilmente acompanha o exame. Tem médicos que fazem o exame, mas é a minoria. Então, é sim examinador dependente. Por exemplo, quando tem trombose a suspeita é muito grande e o exame vem negativo, a conduta é pedir outro exame para outra pessoa fazer. Tá, entendi. E no sentido de ter um diagnóstico ali no momento, já vai ser encaminhado para o tratamento, mas se, por exemplo, a pessoa já tem histórico ou tem alguém na família que tem histórico disso e sentiu a dor, quando é necessário um atendimento de urgência, por exemplo, em algum desses casos? Se é uma pontada, uma pebrada, o ideal é sempre ir atrás logo. Dá urgência. Muitos pacientes hoje, por exemplo, tem um médico que pode contar e, às vezes, entrar em contato no consultório e ser atendido no mesmo dia. Mas, por exemplo, quem é acompanhado com o médico do convênio às vezes tem uma dificuldade muito grande nisso. Então, o ideal é ir no pronto-socorro. É uma avaliação imediata. A gente estava falando também, a gente até citou a doença arterial periférica, um nome que eu nunca tinha escutado. Você até citou que é algo mais difícil, mais raro de acontecer, mas acho que vale a pena a gente citar. O que significa essa doença? Também entra nessas mais raras de ser diagnosticada? É extremamente prevalente na população idosa, acima de 60 anos praticamente todo mundo tem aterosclerose, mas a gente chama de doença arterial destrutiva periférica quando começa a ter comprometimento do fluxo sanguíneo. Teve um problema muito grande nos Estados Unidos, porque teve lá muita máfia com prótese, com stent, que cardiologistas faziam o exame de ultrassondopria nas igrejas e viam que tinha muita obstrução numa população que não tinha sintoma. E eles saíram colocando stent nessas pessoas. E isso gerou um problema, porque tem taxa de complicação. E quando tem complicação, às vezes pode ser uma tragédia, inclusive com amputação. Meu Deus! Então, a gente tem que tomar cuidado, porque às vezes é uma doença silenciosa, sim, mas que não precisa sair tratando todo mundo. Teve um estudo de um argentino, que chama Parodi, que fez a primeira cirurgia endovascular de aneurisma colocada na literatura. O primeiro foi o Volodos, que foi antes, mas era na Ucrânia, na época russa, então ninguém sabia que ele existiu. Mas ele fez um trabalho que mudou minha prática clínica. Ele pegou pessoas que tinham essa obstrução periférica e eles deram dois litros e meio de água para essas pessoas todo dia. E melhorou? 90% melhorava. Foi uma coisa que me marcou muito. Daí foi em 2018 para 2019 e mudou minha prática clínica, porque foi uma ideia extremamente simples, mas com impacto enorme. E a verdade é, velhinho não toma água. É a verdade, eles viram uma uva passa. E aí, se o sangue está todo espesso, desidratado, como que vai chegar no pé? Como que vai chegar na perna, que é o local mais longe do coração? Ele simplesmente encheu o tanque. Aumentando a hidratação, aumentou a quantidade, o volume de sangue e isso melhorou a quantidade de oxigênio que chegava no tecido. Então, mesmo paciente com obstrução, melhorava. Hoje, para mim, é obrigatório. Eu dou água sempre. Desde então, a quantidade de estende que eu precisei colocar na perna de alguém diminuiu. Tanto para as pessoas mais longas, pode ajudar também? Na verdade, ajuda todo mundo. A boa parte da população hoje está desidratada. Então, é muito difícil eu atender no meu consultório alguém que não está com hidratação. Eu tomo muita água. Eu tomo meio litro por refeição, mais um copo por hora. Nossa! Faz toda a diferença, porque a gente tem que ter pelo menos 60% de água no corpo. E é muito comum atender no consultório pessoas com 40, 42, para ter ideia disso, visualmente. A uva passa tem em torno de 45% de água. Então, muita gente tem menos água do que a uva passa. Só que na hora que a gente fala isso, a pessoa entende, porque é visual. Só que ela não vê que ela não está hidratada. Sim. Existe aquele teste mesmo que as pessoas falam? Existe. É que quando a pessoa é mais idosa, não. Quando a pessoa é mais idosa, ela vai ter uma perda da elasticidade da pele. Mas é muito comum a gente ver as pessoas desidratadas. E como é que funciona? Dá para fazer em casa? É, você fazendo a prega, você tem que voltar rápido. Não voltou rápido, a pele está mais hidratada. É que você é nova. Então, tem o colágeno pronto. Mas, por exemplo, se você quer emagrecer, quer ficar bonita, toma água. Por que? A pele fica melhor, o colágeno fica melhor e emagrece. Só não vai tomar à noite, às 10 da noite, porque senão acorda para fazer xixi. Nossa, e é tão difícil criar o costume, pelo menos assim, acho que depois que cria... É todo hábito. Hábito, exatamente. Não espere ter sede para tomar água. É o que eu falo para todo mundo. Esperou para ter sede é porque você passou do estágio uva passa. Então, você está muito desidratada. Então, o ideal é você não desidratar. Quando sentiu a sede é porque já tem água ali errada, né? Já passou do ponto. Já passou do ponto. Nossa, eu só tomo quando eu sinto a sede. Meu Deus! E protege também de trombose. São coisas simples, que por exemplo, eu divulgo no meu Instagram, que fazem uma grande diferença. Porque às vezes a pessoa quer tomar um remédio para emagrecer, só que esse remédio diminui o apetite, ela vai tomar menos água. Chegou a ter relatos de aumento de trombose quando começaram as canetinhas emagrecedoras, porque a pessoa já tomava pouca água. Ela começou a tomar menos. Não foi por efeito da medicação. Isso é efeito da desidratação. Entendi. E essa doença arterial periférica, doutor, ela é considerada então, pelo que eu entendi da sua explicação, é uma etapa mais grave, digamos assim, da aterosclerose? É uma aterosclerose. Quando a gente fala em aterosclerose, seria o entupimento dos vasos sanguíneos, principalmente as artérias. Começa um processo inflamatório e aí começa a ter a luz e começa a ter uma obstrução. E normalmente tem o acidente, que seria um infarto ou derrame, quando tem um machucadinho nessa placa, porque entope tudo de uma vez. E a pessoa não tem uma reserva fisiológica para suprir o sangue na região. Entendi. E isso também acontece na perna. E pode ser fatal por conta... No coração e no cérebro muitas vezes é fatal. Na perna normalmente não é fatal, mas é um risco enorme de perda do membro. E eu falo que ninguém fica feliz depois que amputa uma perna ou tem um derrame. Não existe isso. A pessoa fica feliz quando tem um infarto e volta. Mas quando perde uma perna é muito difícil alguém sorrir de novo. Sim, porque a alma não é muito... Claro que existe, mas a amputação é uma coisa que marca muito. Sim. Até a minha próxima pergunta era o que pode acontecer se dentro dessas doenças, problemas que envolvem a clínica vascular, o que acontece se a pessoa não tratar, não tiver uma atenção para aquilo. Mas esse já está aí na sua explicação. Que realmente até dentro de uma morte ou a amputação de uma perna. Mas agora dos outros que a gente citou, caso não tenha... Tem algum, por exemplo, o lipedema ou o varízes que a gente citou? O que são as duas maiores preocupações? O mais comum, ferida. Isso é muito... Vai virando... Acaba com a qualidade de vida da pessoa. E tromboflebite e trombose, que seria uma trombose da veia da perna. Quando a gente fala em tromboflebite, é uma veia superficial. E quando a gente fala trombose, seria uma veia profunda. Mas o que é importante ressaltar, tem gente que fala, é só uma tromboflebite. Não. Sempre que você vê uma pessoa com tromboflebite, que é uma trombose de uma veia superficial, é obrigatório fazer o ultrassondoper venoso pra ver o sistema profundo. Porque tem de 10% a 20% dos casos da superficial, tem a trombose venosa profunda. E isso é perigosíssimo. Entendi. E quando pensar em lipedema, o que é o maior medo? É a progressão. Não existe um estudo no mundo falando que o lipedema progride de forma inexorável. Isso não existe. Se a pessoa se cuidar e o corpo entender que não precisa de gordura, a pessoa não vai ter aumento da gordura. Só que se o corpo entende que tem gordura, elas têm uma capacidade muito grande de multiplicar o tecido adiposo. E isso pode sim causar deformidade do membro. Só que o que eu falo pra todo mundo, o problema não é a gordura, e sim o que está acontecendo com a pessoa. O nosso corpo nunca briga com a gente. As pessoas estão achando que o corpo briga. O corpo nunca briga. Eu falo pra todo mundo, até um câncer é uma célula sua. Alguma coisa aconteceu que essa célula mudou a característica dela e começou a te atacar. E o ideal é você entender pra isso não acontecer. Pro seu corpo não te atacar. Porque é o seu corpo. Não é uma coisa externa. Querendo ou não, é a pessoa atacando ela mesma. Só que as pessoas têm uma dificuldade grande de entender isso. E às vezes falam, vamos lutar, vamos calmar. Vamos entender porque isso está acontecendo. Pra quem não é da área da medicina, isso é muito difícil, né? Até pra médico é difícil. Porque a minha formação foi sempre lutar, combater doença. E não prevenção de doença. É. Normalmente as pessoas procuram já os médicos quando deu algo de errado ali, né? Quando deu algum problema. O mundo está mudando. Graças a Deus. Eu vejo tendências. O pessoal te procura pra prevenção? Hoje, boa parte do meu consultório é prevenção. Porque as pessoas não querem ficar mais doentes. Elas querem saber como fica bem. E está aumentando a porcentagem da população que entende que se você fizer um protocolo avançado de emagrecimento. Protocolo de qualquer coisa com o termo avançado ou protocolo. Já sabe que não vai dar certo. Hormonização. As pessoas estão vendo que quem fez esse caminho está pagando um preço muito alto. E tem gente que é contra isso. Eu sou contra essas loucuras. Mas eu sou a favor da medicina lenta. Porque às vezes você faz uma coisa e daqui a dois anos que você vai colher o fruto. Daqui a dez anos. Só que você deixa a pessoa depois de dez anos melhor do que ela chegou em você. Isso não tem preço. Só que é uma medicina lenta. Que é a medicina de prevenção. O corpo não vai do oito ao oitenta de uma forma sustentável. Acho que pelo menos eu vejo também isso. Tem os dois extremos. Da minha faixa etária, as pessoas tem mais essa preocupação de fato em estilo de vida principalmente. Eu vejo isso até pelas questões de internet, redes sociais que mostram que as pessoas estão... Tem até um meme que fala que os jovens estão trocando a vida noturna pelo sábado de manhã no parque, correndo. Mas isso é muito bom. Tem uma crítica muito grande falando que isso é bom. Ninguém fica bebendo à noite, fumando, ficando sem dormir. E isso de começar a se cuidar é a melhor coisa, é o melhor investimento que a pessoa faz. Logicamente tem que tomar cuidado porque tem exageros. Mas se cuidar nunca vai fazer mal. E quando eu falo se cuidar no sentido de fugir dos exageros, eu gosto muito do exemplo da francesa que foi a mais longeva do mundo, que viveu 122 anos. Nossa! Só que ela fumou por 100 anos. E aí o pessoal fica, ué... Ela não é um exemplo de saúde, mas ela é um exemplo de vida. Porque ela levava a vida numa boa. Ela não ficava anoiada, desesperada, preciso isso, preciso aquilo. Preciso de 30 comprimidos. Que é o que estão também vendendo hoje na internet. Mas ela levava a vida numa boa. E a vida dela não foi fácil. Ela viveu duas guerras e ainda perdeu uma filha com o neto quando a filha tinha 37 anos de idade. A vida dela não foi fácil. Só que ela andava de bicicleta todo dia, ela comia um quilo de chocolate por semana e tomava uma tacinha de vinho. E ela falava, a vida foi muito dura comigo, mas eu nunca fui dura comigo. Isso foi uma coisa que me marcou muito. Ela não jogava aquela conversa interna negativa pra dentro dela. Ela não adoeciava com cigarro. Agora tem uma pergunta, não sei se polêmica, mas assim, que vale a pena a gente dizer. Estresse tá também muito nessa vida realmente de cobranças e tudo mais. Tá muito ligada a essas doenças que a gente falou aqui nas colagens? Sim, sim. Muito. Porque toda vez que a pessoa tá estressada, o corpo tá entendendo que ela tá numa guerra. Uma coisa é você usar o estresse a seu favor, que é por exemplo, fugir de um leão. É um exemplo que a gente gosta de usar. Outra coisa é fugir de um leão todo dia. Porque o estresse hoje é a coisa que mais envelhece. Eu falo que hoje a combinação mortal é estresse e luz noturna. As pessoas não entendem, mas o estrago principalmente em mulher é muito grande da luz noturna. Luz noturna seria até um celular, por exemplo. O pior hoje é o celular. A gente vê mundialmente 2010 pra frente é quando dobrou o câncer, aumentou a demência, diminuiu a qualidade de vida e a saúde mental das pessoas caiu muito. Uma coisa simples que a luz noturna faz, e o celular é muito bom nisso, é inibir a produção de melatonina, que é o hormônio do sono. Um terço do nosso dia é pra dormir. Por que a gente dorme? Não sei. Mas o cachorro dorme, o gato dorme, a girafa dorme. Então tem alguma coisa importante nisso. E a gente tá quebrando. Sim. E o efeito é pior em mulher. Tem aumentado muito o câncer de mama. E tem relação de luz noturna com câncer de mama. Principal fator de risco pra pessoas com menos de 65 anos ter a usar luz noturna. E o que que é o recomendado então? Até escutei já as pessoas falarem, por exemplo, você acordou, tem que ficar ali uma hora pelo menos sem ter contato com o celular, de noite já parar bem antes de dormir. Eu não recomendo ninguém depois das oito da noite ligar o celular. Ninguém, nem TV. É uma coisa que eu fazia antes, assistia filme, série, o que for. Não recomendo ninguém porque isso quebra o seu ritmo circadiano, estimula o seu cérebro. Tem uma quebra da produção de melatonina e o seu corpo começa a inflamar como um todo. E a gente tem visto isso, começou a partir de 2010. Ganho de peso, queda da saúde mental, aumento de câncer. Não é vacina, gente. Isso aí é uma coisa que tá acontecendo nos últimos 40 anos e piorou de 2010 pra cá. Eu já escutei muita gente falar, inclusive, da pandemia também, né, falar das vacinas, tem alguma relação com as doenças repentinas em jovens, por exemplo. Isso é uma resposta que a gente não tem, existe sim essa suspeita, não temos nada confirmado, não tô defendendo nem atacando, mas pontualmente década de 80, que é onde colocaram muito aditivo químico na comida, a gente tá pagando preço hoje disso, foram mais de 5 mil, sem nenhum estudo. E 2010, quando começou realmente os smartphones com mídia social. E às vezes, independente da mídia social, o estrago é grande. E aí, o que é piorar é só usar vídeos curtos, em torno de 30 segundos, que a tua acaba até com o centro de recompensa do cérebro. O efeito do celular numa criança é pior do que o álcool, no quesito vício. Nossa, esse é um corte pra alertar, realmente. Minhas filhas não têm celular. E não vão ter. 11 e 8. Nossa, e elas não têm? Saiu semana passada uma recomendação mundial do Global Project, falando, por favor, não dêem celular pros seus filhos com menos de 13 anos de idade. É catastrófico. E hoje, às vezes, com 1, 2 anos, já tem. Porque é incômodo pros pais. E às vezes, o que é o mais comum, trocou o celular, dá o antigo pros filhos. Mas o estrago no psicológico é enorme. E a gente tá vendo isso agora. Pros adultos também, esses vídeos rápidos acabam sendo aqueles mais... Ele muda em exames de ressonância o centro de recompensa do cérebro. O cérebro aprende muito a ter o prazer rápido. E isso é muito perigoso. Porque, na vida, quem ganha qualquer coisa é a pessoa que tem paciência e resiliência. Faz sentido. As pessoas estão perdendo isso. Nossa, faz sentido. E o estrago é grande. Esses vídeos curtos são os piores. Nossa, dá pra um episódio só pra falar sobre isso, né? Isso é... É mais perigoso do que as pessoas imaginam. Sim, com certeza. É bom... É realmente importante. O alerta. Eu nunca tinha parado pra pensar, mas faz sentido a explicação, né? O que... Como causa e por que causa. Agora, doutor, fatores de risco de tudo isso que a gente tá falando. Sem falar nenhuma doença específica, mas tudo que envolve doenças vasculares, né? Se ligado a uma outra condição, acaba sendo pior de que forma? É... O sistema vascular tá conectado a tudo no corpo. E se eu falar um vilão maior atualmente, eu colocaria o sedentarismo, tá? Antes, se você perguntasse há 30 anos, eu ia falar que era o cigarro. Hoje, eu considero que é o sedentarismo. E eu gosto de falar coisas simples. Por exemplo, 10 agachamentos a cada hora, você já foge de uma pessoa sedentária pra ser uma pessoa ativa. 55 degraus, gente, é muito pouco. Equivale a 10 mil passos. Então, se você subir 55 degraus, você também já tá fugindo de uma pessoa sedentária. E isso, no longo prazo, faz uma diferença enorme. 55 por hora ou por dia? No dia. É muito pouco. Ah, eu que moro no 18º, então... Se você subir de escada, vai dar bem mais. O que é curioso, principalmente em mulheres, tem estudo que mostra que depois, por exemplo, se você pegar duas irmãs gêmeas, as duas estão com 55 anos de idade. A que tá com o cérebro melhor é a que tem a coxa mais forte. Tem algum eixo que não conhecemos ainda, que é coxa-cérebro, que não deixa o cérebro envelhecer. E se você ativa a musculatura da perna, você melhora a sua saúde cardiovascular como um todo. Coisa simples. E tomar água. Enche o tanque e põe o carro pra mexer. E eu já escutei falar também, doutor, que, por exemplo, a gente citou da pandemia, que quem tinha mais músculos ali, que era uma pessoa considerada com uma qualidade de vida melhor, ela tem uma recuperação melhor e menos risco de morrer em caso de alguma doença, que uma pessoa chegue a ficar internada, por exemplo. Exatamente. Eu falo que a pessoa forte do ponto de vista muscular é difícil de matar, é duro de matar, literalmente. E os estudos mais recentes têm visto que se você pegar duas pessoas, um gordinho e um atleta, um teste simples é ver quantas vezes a pessoa consegue levantar e sentar da cadeira no intervalo de 15 segundos. Se o gordinho e o atleta conseguirem fazer o mesmo número de repetições no mesmo intervalo, a chance dos dois morrerem é a mesma. Se o gordinho conseguir levantar e sentar sem apoio da mão mais vezes que o magrinho, o magrinho tem o risco de morrer maior do que o gordinho. Então hoje a gente vê que a força muscular é uma das coisas mais importantes no quesito sobrevida para qualquer causa de morte. É, e esse... Às vezes engana também, né? Às vezes a pessoa fala, ah, é uma pessoa nova, mas não tem esse preparo, não tem a qualidade de vida necessária para estar. E aí se colocar uma pessoa nova com alguém que tem 20, 30 anos a mais, às vezes quem tem 20, 30 anos a mais vai ter uma resposta melhor. E hoje o que a gente tem é essa mudança de parar de pesar as pessoas e começar a usar medidas. Por exemplo, para homem e para mulher uma medida muito simples é cintura altura. Se para mulher for menor que meio, ela está bem. E tem muito homem que também é o mesmo índice, tá? A não ser que tenha mais de 50... Melhor que meio? Meio. Ela está bem. Se o homem tem uma cintura dividido pela altura de 0,7, mas ele é magrinho, ele é obeso. E isso é muito difícil, porque ele está acumulando gordura visceral. E ao contrário da gordura periférica do umbigo para baixo, que é a da perna, a gordura visceral não é protetora. E muitas vezes a pessoa tem aquela barriguinha chope e ela acha que está tudo bem, porque ela vai no médico, pesa, está tudo bom, nossa, você está no peso certo. Na verdade ela não está. Ela é obesa. Então o cálculo tem que ser medir a cintura. É o mais simples, tá? É fazer as medidas da cintura e dividir pela altura. Deu menor que meio, a pessoa metabolicamente é saudável. Legal. E é muito bom isso daí, pensando na saúde cardiovascular para todo mundo. E para escolher o ponto exato da cintura? Quando a gente fala cintura menor, o diâmetro está entre a costela e o quadril e o ossinho aqui, e a altura é a altura. A altura que o pessoal já acostuma. É, mas depois dos 40, todo mundo diminui de tamanho, então é bom rechecar. E diminui de verdade? Diminui, a gente envelhece, né? Hoje está acontecendo até de uma forma mais precoce por causa do celular porque as pessoas estão muito assim. E aí está entortando a coluna dos jovens e formando o bico de papagaio em adolescentes. E dessas doenças que a gente citou, né? Falando um pouco da idade, que a gente falou também sobre como a pessoa vai chegar em determinada idade, tem muitas doenças que as pessoas costumam confundir também com dessas condições que a gente falou com a idade que chegou, enfim, acho que é algo natural, né? É, é muito engraçado que as pessoas acham que cai o metabolismo. Não cai, gente. Demora para cair o metabolismo. O que cai muito é a inatividade. As pessoas cada vez fazem menos atividade e, por exemplo, a média que consome 3 mil calorias e quanto menos atividade ela faz, menor vai ser o metabolismo dessa pessoa. Então, às vezes ela tem um metabolismo de 1.300 calorias e consome 3 mil. Não tem como não ganhar peso. E não é porque o seu metabolismo está caindo. É porque cada vez a pessoa está mais inativa. E o que é interessante que saiu esse ano que tem uma época áurea para a pessoa se cuidar. Cuidar é cuidar da sua saúde, tá? Dos 40 aos 60. Se você se cuidou a vida inteira, mas você não se cuidou dos 40 aos 60, você vai ter uma velhice ruim. E da forma contrária também. Se você nunca se cuidou. Não, na verdade o áureo é dos 40 aos 60. Porque se você se cuida nesse período a sua idade idosa vai ser boa. E o que a gente tem visto hoje, que a gente aprendeu com a geração atual, muita gente começa a se arrastar depois dos 60 anos de idade. E ninguém quer isso. Ninguém quer ter dificuldade para ir no banheiro. Ninguém quer usar fralda. Ninguém quer depender dos outros no final da vida. Então, se eu for dar uma dica, você tem 35 anos, começa a se cuidar. Porque é a época que o pessoal hoje está menos se cuidando. É filho, é trabalho. A pessoa começa a colocar algumas coisas com prioridade e deixa ela de lado. E aí aumenta a obesidade que está em nível de quase 70% da população com mais de 50 anos. E não é medicação que vai melhorar isso daí. Inclusive esses que a gente citou, de caneta emagrecedora, o pessoal gosta muito da solução rápida, mas não está vendo que está... Não é sustentável. O problema das doses altas, por exemplo, que ou a pessoa não aguenta apagar, ou ela não aguenta efeito colateral. É interessante porque elas têm um efeito anti-inflamatório muito grande no corpo. Por exemplo, elas são protetoras de aterosclerose. Acabou de sair um estudo mostrando que melhora os claudicantes, que são as pessoas que têm dificuldade para andar por esse efeito anti-inflamatório. É mil vezes melhor a pessoa tomar água, fazer o exercício, priorizar o sono, desligar o celular. Porque essas pequenas coisas já começam a melhorar. Uma dica simples, contato com a natureza. 20 minutos, três vezes na semana, melhora o exame de sangue. São coisas muito simples. Teve um estudo, que eu gosto muito, de 2023, que eles falaram sete coisas para as mulheres fazerem. E depois de oito semanas, dois meses, todas melhoraram. Só que nenhuma delas conseguiu fazer tudo. Mesmo fazendo pouco, você melhora. E o que mais me chamou atenção, o que elas menos fizeram, foi respirar. Gente, uma dica simples. Respiração. Inspira o ar em cinco, segura cinco e solta em cinco. Em duas semanas, já baixa as proteínas causadoras de Alzheimer no cérebro. Duas semanas. Faz cinco vezes de manhã, cinco na hora do almoço e cinco no jantar. E foi o que elas menos fizeram no estudo. Melhora a saúde cardiovascular, diminui o risco de Alzheimer. E você não gasta nada. São coisas simples, mas não vai ter divulgação, porque isso não dá dinheiro para ninguém. Se juntar todas as dicas aqui desse episódio, eu já estou lá, vivendo cinco anos a mais, no mínimo. Mas é o que acontece. Essas mulheres melhoraram em dois meses. E melhora a idade cronológica. A idade biológica, que é a idade real. Você não tem a idade do RG. Você tem a idade de como você se sente. É uma das coisas mais simples. Você pode fazer testes de telômero, metilação de DNA, ver como está a atividade da mitocôndria. Você só precisa perguntar quantos anos você se sente. A pessoa falou 60, ela tem 30, ela está mal. Ela falou que tem 40, ela tem 50, ela está bem. Ela não está mentindo. Ela está falando a verdade. Ela está falando como ela se sente. E eu imagino também que muitas pessoas te procuram assim, independente da idade, com aquela necessidade da urgência, seja estético ou seja uma doença. A pessoa também quer aquela solução rápida. E aquela pergunta se tem cura. A gente falou muito sobre a parte clínica. Quando que de fato existe essa... O tratamento clínico é sempre a primeira opção. E eu falo que... Eu considero hoje que nenhuma doença tem cura. E a saúde é um cristal. É a coisa mais linda do mundo, mas você tem que manter. Você tem que mostrar para o seu corpo que você merece a saúde que você tem. Porque é um cristal. Eu treino há 35 anos. Se eu ficar um mês sem treinar, eu perco 20 quilos de massa muscular. E não tem como bloquear isso. Ou eu faço o meu papel, ou a minha saúde vai cair. E não importa muito, infelizmente, o que você fez. Importa sempre o que você faz. E não precisa ser 100%. É constância. Você não precisa estar com o copo cheio todo dia. Você não precisa estar bem todo dia. Mas você precisa fazer isso a maior parte do seu tempo. Às vezes a pessoa entra no ciclo, e aí ela não aguenta. Em três meses abandona tudo. Que é o que acontece com quem vai na academia. A pessoa vai na academia para querer ter um corpo bonito. Depois de três meses, o que muda o corpo? Nada. O que ela faz? Ela abandona. Só 3% das pessoas que entram na academia mantém depois de um ano. Porque o objetivo dela era o corpo, não era a saúde. As pessoas comentam, por exemplo, tem um X tempo que as pessoas precisam para criar, de fato, um hábito. Isso é comprovado. 5 meses. Tem gente que faz com uma facilidade menor. O que a gente sabe hoje? Elas têm que ter o gene do autismo. Elas têm que ter traços de autismo. Senão não conseguem criar a rotina. E é difícil a pessoa criar a rotina. E eu falo que o sucesso da vida e da saúde é fazer coisas que você não quer para conquistar aquilo que você quer. Você entende essa chave? Muda tudo. Porque você começa a fazer realmente o que você precisa. Não dá para fazer o que você quer e achar que vai ganhar tudo. Não ganha. E pensar como obrigação. Não pode pensar como obrigação. Senão vira um fardo. Porque é igual aquela necessidade que a gente tem todos os dias de comer, tomar banho, ir ao banheiro. Tem que entrar nesse pensamento de que algo ali é insuportável. A gente escova os dentes porque sabe que se não escovar no final do dia está insuportável a boca. Só que isso a gente percebe na hora. Se você não começar a cuidar da sua saúde você vai pagar o preço lá na frente. Só que às vezes a pessoa acha que não vai chegar mas a conta chega. Sim. Eu deixei aqui também, doutora, para os últimos minutos da nossa conversa, os mitos e verdades da doença. Eu tinha separado a doença arterial periférica que é o que a gente tinha citado, mas eu acho legal a gente falar sobre a saúde vascular. Então eu vou pegar aqui que eu também deixei de opção. Não sei se vai dar tempo de citar todos, mas é muito legal. É o que as pessoas mais procuram na internet. E tem alguns tópicos que a gente já citou mas também outros que a gente pode acabar esclarecendo. Então vamos lá. Varízes são apenas um problema estético? Não, de forma alguma é um problema se o corpo alertando que a circulação não está boa e é um fator de risco para a trombose. Então, varízes, trate. Cruzar as pernas causa varízes? A gente tem uma veia atrás do joelho que é desse tamanho, chama veia poplitea. Toda vez que a pessoa está sentada e dobra a perna mais de 90° ou coloca uma em cima da outra tem compressão dessa veia e isso aumenta o risco da pessoa ter varízes e inchaço. É muito comum pessoas que trabalham colocam o pé para trás da cadeira para apoiar e isso comprime muito a circulação venosa da perna. Mesmo para quem não tem histórico ou não tem ninguém na família, ainda assim é um fator que pode... Aumenta, porque o coração não para de bombear e o sangue não para de chegar, mas ele tem dificuldade para voltar. Isso é interessante. E aí ele vai para algum lugar e isso pode sim ser um fator de risco para varízes. Melhor posição então as duas pernas... É deixar no máximo 90°. Tá. Independente também... Se tiver um pedalzinho é melhor ainda, mas o ideal levanta da cadeira, faz 10 agachamentos a cada hora e toma um copo de água. Ou os degraus por dia ali. Dá para fazer os dois. Se não tiver... Se não tiver que encaixar tudo... Mas dá. São coisas simples. Por exemplo, vai estar no trabalho, é um lance de escada, suba. Dois lances de escada, desça. Mais que isso. São pequenas coisas que ao longo do tempo fazem a magia. Caminhar melhora a circulação? Melhora sempre. Eu vou trocar a pergunta então. Caminhar ou correr? O que seria melhor para a circulação? Pronto. É que tem pessoas que não estão preparadas para correr, mas a gente tem visto hoje que a atividade física intensa, num curto intervalo de tempo, é melhor do que você fazer uma atividade prolongada. O exemplo simples é 55 degraus, do ponto de vista cardiovascular, é equivalente a 10 mil passos. Só que é muito mais fácil andar 55 degraus. Por isso que muitas das blusones são em áreas íngremes, porque a pessoa tem que andar para cima praticamente todo dia. Então ela faz atividade física de uma forma mais intensa, sem estar fazendo atividade física. Isso faz parte da rotina dela. Quem tem veias visíveis, tem problema vascular? Tem. É assim, depende. Por exemplo, um ciclista ele vai ter as veias visíveis e isso não necessariamente é varíz. Mas normalmente as pessoas que tem as veias visíveis são as pessoas sedentárias e aí é varíz. Mas a veia visível não é sinal de varízes ou de doença venosa, tirando em atletas. Só mulheres tem problemas vasculares? Não. É mais prevalente varízes nas mulheres, mas os homens também tem. E a aterosclerose é a principal causa de morte de homem e de mulher no mundo. Ficar muito tempo em pé faz mal pra circulação? Faz. Toda vez que a gente fica parado, lembra que o seu sangue fica na perna e a gravidade vai ter uma tendência de deixar o sangue na perna. Se você se movimenta você contrai a panturrilha, que é o coração da perna, e isso ajuda a jogar o sangue pra cima. Cirurgia é sempre a única opção pra problemas vasculares? Nunca. Eu falo que sempre é tratamento clínico. Se você pegar uma pessoa e fortalecer a perna dela, ela sempre vai estar melhor. Se você pegar uma pessoa obesa que tá com varízes, primeiro ajuda no tratamento da obesidade. A pessoa tem barriga, ela triplicou a pressão das veias da perna. Você diminuiu a barriga, você opera e essa pessoa não vai recidivar as varízes. Só que a pessoa tem que entender que ela faz parte do tratamento. Meias de compressão são úteis, mas devem ser indicadas por um especialista? É. Se a gente for olhar, só médico pode receitar meia de compressão. Precisa de receita pra comprar? Precisa de receita, mas a gente vive num país que não é assim que funciona. O ideal é sempre passar por um especialista, porque se a pessoa tiver obstrução e colocar meia, a compressão vai diminuir a quantidade de sangue que chega no local e isso pode ser perigoso com risco de amputação. Por isso que tem isso de necessidade de comprar com receituário, mas não é o que a gente vê na prática. E tem muitos tipos, né, diferentes assim, inclusive até chega a ser surpreendente pra quem não é da... No congresso que vocês fizeram, tinha muitas empresas lá, né, que estavam mostrando. E essas meias, pra quando há necessidade, elas são muito capazes, né, de ajudar. São, ajudam muito. Uma meia bem indicada é excelente. E uma dica de uma paciente minha, pra viagem, a melhor meia é de homem. Inclusive pra mulher, você não vai mostrar a perna, então aproveita, usa uma meia de homem, porque a meia do homem não precisa ser bonita, então ela é mais confortável. E é muito interessante, porque é verdade. E aquelas longas é uma delícia ficar com ela. Pra viagem é ótimo, de avião, né? Agora o último, a gente falou bastante da hidratação, então vou mudar um pouquinho. Pergunta, doutor, alimentação influencia na sua saúde vascular? Sim, e muito. Tá? Uma alimentação rica em frutas, vegetais, em pratos coloridos, vai ter muito polifenol, que são antioxidantes. E se as suas veias, se as suas artérias não envelhecerem, a sua saúde cardiovascular vai ficar muito bem. Hoje a gente tá com muito alimento ultraprocessado. E a gente precisa fugir disso. E uma tendência mundial é as pessoas começarem a procurar os rótulos limpos. Por exemplo, o whey protein, eu falo que ele não é bom, que ele é excelente. Só que o whey protein, as vezes você vai comprar um whey protein que vem o whey protein com aromatizante, emulsificante, adoçante, isso daí deixa de ser o whey protein e vira um produto industrializado que não vai fazer bem pra saúde da pessoa. Então a gente tem que procurar rótulo limpo. Rótulo limpo, é a dica. Com o mínimo de ingrediente possível. Porque tudo isso que coloca de emulsificante, aromatizante, são extremamente palatáveis, mas acabam com o seu centro de saciedade do cérebro. E a gente tem visto que eles alteram muito a microbiota intestinal e isso também acaba com a saúde cardiovascular da pessoa. Então já pega o papel e a caneta, volta a esse vídeo pra anotar todas as dicas que tem pelo menos umas 5, 10 aí pra gente já começar a colocar em prática. Dicas simples que qualquer pessoa pode fazer no dia a dia, mas que ao longo do tempo fazem uma diferença muito grande. Com certeza. Eu te agradeço demais pelo papo super esclarecedor essas dicas que eu mesmo vou realmente começar a colocar. Ó, já tô tomando mais água aqui. Quero ver o agachamento. Não, o agachamento, a escada, a água, já tá tudo aqui na cabeça. Vou deixar uma lista aqui pra vocês nos comentários, pra quem chegou até o final. Doutor, eu vou pedir inclusive pra você passar suas redes sociais ou site, o que você preferir, pra caso alguém queira entrar em contato, a gente tá deixando também aqui um espaço aberto nos comentários, pra que vocês mandem sugestões, dúvidas, pra que a gente traga novamente o doutor Daniel e pode passar o que você preferir pra você encontrar. Vou passar os dois, né? O meu site é www.ocirurgiaovascular.com.br Tem um blog lá com mais de mil artigos. Todo artigo que eu escrevo, eu coloco a referência científica no artigo. São coisas muito boas, tá? Eu gostaria de, quando eu me formei como médico, ter acesso ao meu blog, porque é uma vida inteira de consultório, são 26 anos de medicina resumidos em mais de mil artigos e o meu Instagram é arroba.dr.danielbenich com dois t's e no final também é muito legal, tem muito conteúdo lá. Vale a pena acompanhar. O doutor Daniel Benich conversou aqui com a gente, eu vou deixar então todos esses links, os acessos pra quem ficou curioso, quer pegar mais informações e o espaço aberto, como eu citei, pra que mandem sugestões, pra que a gente volte a conversar aqui sobre vários outros temas que durante a conversa a gente acaba surgindo alguma dúvida, surgindo algum tema que é legal a gente trazer. Muito obrigado, foi um prazer estar aqui com vocês. Obrigada a você também que acompanhou até aqui, até a próxima. Não deixe de curtir, comentar e compartilhar que é muito importante pra que a gente continue trazendo os nossos especialistas em qualidade de vida. Obrigada e até a próxima. Tchau!